domingo, 28 de setembro de 2008

Acena se me lês

Por cima de mim, nuvens. Algumas rosa, porque tinha de ser. Porque sempre foi. Porque o Ryan Adams diz Simple cards and things. Rose-colored sunsets, no flowers for me. Perguntas-lhe o que quer dizer. Significa: perguntas-te o que quer dizer mas ninguém responde.
*
Às vezes estou a dormir e não sei que horas são. Pergunto a alguém no meu sono, respondem-me, acredito por minutos. Percebo dentro do sonho que sonho. Que aquela pessoa sabe tanto como eu, mas mente melhor. Digo-lhe isso:
-Desculpa, não posso confiar em ti. Estás dentro de mim
*
Debaixo dos céus rosa, não sei se posso confiar em ti. Mas acho que sim. Acho que não tem nada ver. É tão estranho escrever-te sem te encontrar. São umas palavras estranhas que tentam enganar e então procuro outras que sejam verdadeiras. Mas não sei se são verdadeiras em ti. Tudo se trata de aproximações. Que relação tens com os sonhos, querida? Eu não sei. Devia estar habituado a não saber, mas sempre entendi certas coisas. Sempre as encontrei, em mim. Pelo menos nas minhas mentiras acabei por acreditar. Digo
-Digo segredos ao teu cabelo, esperando que lá por trás me ouças. Se não ouvires, esperando que me sintas.
E falo de ti.
*
Quando falo de ti, não sei sobre o que falo. Falo sobre pôres-do-sol rosa. Depois, mais tarde, são nuvens cinzentas. Nessa altura estou triste. Acabaste.
*
Na verdade não acabaste, mas eu prefiro pensar assim. Sinto-me mais seguro. Porque se tou triste, ao menos estou isso. Ao menos sei o que estou, percebo-me. E assim, percebo-te. Ou ao menos minto-te.

1 comentário:

a(muse) disse...

Escrevi e reescrevi este comentário cerca de umas três vezes (cofseiscof), mas parecia sempre despropositado. Por isso (não consegues ver, mas) estou a acenar-te. Com um sorriso.